Saudade do Futuro.
Vai explicar o que acontece dentro da gente. Mais uma vez fico incomodado com algumas sensações porque penso se elas acontecem com os outros ou somente comigo (daí como faria com essa loucura?). Me sentiria aliviado ao saber de que não se tratam de uma loucura qualquer. Cresci ouvindo as pessoas dizerem que eu era lunático, que vivia no mundo do conto de fadas, das fantasias e que precisavam sempre colocar meus pés no chão. Eu sempre vivi nos meus devaneios. E eu permitia que me dissessem que era errado. Se incomodavam com o que, afinal de contas?
Hoje, com o entendimento que tenho, vejo o como errei ao permitir que as pessoas rissem dos meus devaneios — porque sempre os expus; são grandes demais para caberem no meu interior, então, preciso compartilhá-los. São tão excêntricos que chamam a atenção de qualquer um. A maioria das pessoas me consideram louco, e sou mesmo. Como se classificava Madre Teresa de Ávila, me intitulo também: um louco de espírito.
Eu sinto saudade de coisas que não vivi e até choro de vontade que aconteçam logo. Pronto, já me chamavam de lunático, agora então… Estou entregando de bandeja meus devaneios e assumindo que sou um doido amado.
Acordei hoje com saudade de coisas que eu não vivi. Eu acordei hoje com muita saudade de um tempo que virá, de um tempo bom, de um tempo especial, de um tempo onde vamos viver o espírito comunitário, vamos viver a fraternidade propriamente dita. É saudade dessa época, saudade desse tempo do futuro, vai entender! Vai entender o que é capaz de acontecer por dentro, mas são coisas do espírito.
É saudade de pessoas que eu não conheço ainda. É saudade de pessoas que ainda passarão pelo meu caminho. É saudade de lugares que eu ainda vou conhecer. Saudade de coisas que ainda me farão muito feliz. É saudade dessa época do futuro, dessa época que virá. É, é assim que eu acordei hoje…saudade disso tudo. Essa saudade é louca, essa saudade é sem… é sem explicação. É uma saudade que ela…a gente busca palavras para defini-la, mas a gente não, não, não encontra.
A gente busca palavras pra dizer o que é que ela é, na verdade, porque sentimos falta de algo que ainda vai acontecer, sentimos saudades de pessoas que ainda conheceremos, sentimos saudades de fatos e lugares que ainda virão, que ainda existirão na vida da gente. É uma saudade inexplicável. O termo que mais se aproxima dela, desse sentimento, é saudade. É saudade do futuro. É como se eu já tivesse estado no futuro e tivesse voltado.
É como se eu tivesse a permissão de visitar o futuro, de visitar o que virá, de conhecer essas pessoas em espírito e voltasse para o presente com recordações, com lembranças, com memória afetiva, ainda do que virá, do que virá a acontecer. Pode ser que esse sentimento…ele se chame esperança. Pode ser que esse sentimento se chame otimismo. É, é bom pensar que isso tudo possa se chamar esperança, possa se chamar otimismo. Mas se tiver que ser diferente de saudade do futuro, que seja fé. Se tiver que ser diferente de saudade do futuro, que seja fé, antes da esperança, antes do otimismo. Fé. É fé.
Se ser racional fosse a solução para as mazelas que somos acometidos, ninguém sofreria de depressão, decepção, ingratidão, traição, etc. Todos nós viveríamos somando dois mais dois e associando as dores da vida aos resultados exatos da matemática. As soluções vêm do coração, da emoção e do espírito. Para isso não existem contas numéricas, equações ou fórmulas que mostrem — exatamente — o que acontecerá depois. Agir com os “pés no chão” é sobreviver. Ser lunático é — viver, é deixar doer, sangrar, cicatrizar e sonhar. Ter fé é só emoção, pois não vemos com os olhos, não ouvimos com os ouvidos e nem sentimos com o corpo e, mesmo assim, acreditamos.
Niterói, 27 de março de 2019.
Luiz Gabriel Tiago
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